quinta-feira, 11 de maio de 2017

A terrível lição da maior Reforma Agrária da História


Por Luiz Dufaur

Mulher famélica pede comida
numa imagem rotineira da China revolucionária
Era preciso tirar a China comunista da miséria e estagnação. E em 1957 o líder comunista Mão Tsé Tung lançou o chamado Grande Salto Adiante um inumano esforço igualitário para tirar a economia socialista daquela situação.

Foi de um desastre para outro muito pior. Mao descobriu que o país andava sobe duas pernas: a industrial e a agrícola. E excogitou o impensável: todo o sangue da agrícola devia passar para a indústria.

O método é bem conhecido no Brasil: a coletivização da terra e a organização militrarizada do campesinato em comunas, ou assentamentos. Acabou sendo o modelo inspirador da reforma agrária socialista confiscatória brasileira, das CEBS agrícolas e do MST.

A desgraça da coletivização forçada da terra, executada em aras de uma utopia igualitária, gerou a pior fome da historia da humanidade: 45 milhões de cadáveres, segundo as mais recentes estatísticas. 

O Grande Salto Adiante virou o Grande Salto Mortal para dezenas de milhões de chineses que se extinguiram sem terem o que comer, bem como para centenas de milhões de outros que com dificuldades indizíveis fugiram da extinção pela carência.

Poderia ter sido o destino do Brasil, e ainda poderá sê-lo caso se apliquem as fantasias teológico-igualitárias da CNBB e de seus ativistas, pregadores e tentáculos subversivos.
As fazendas coletivas
não se distinguiam dos campos de concentração

Frank Dikötter é o autor do estudo mais minucioso e recente sobre aquela explosão de inumanidade. Acaba de vir a lume na Espanha seu livro “A grande fome na China de Mao. Historia da catástrofe mais devastadora de China (1958-1962)”.

Aquela espantosa extinção dos famélicos foi durante muito tempo, um secreto proibido sob o socialismo maoista. 



Em 1988 o regime ousou dar a cifra oficial de 23 milhões de mortos de inanição e doença. “O livro negro do comunismo”, espécie de catálogo dos horrores dos regimes socialo-comunistas contabilizou um máximo de 43 milhões no período 1959-61.

David Priestland, autor de uma história condescendente do comunismo contou entre 20 e 30 milhões entre os anos 1958-61. 

O trabalho de Dikötter, professor das universidades de Hong Kong e Londres, foi procurar dados nos arquivos chineses recentemente abertos e entrevistou sobreviventes.

O resultado foi estarrecedor. 

Ele começa dizendo que “entre 1958 e 1962 a China desceu ao inferno”. E qualifica aquela imensa reforma agrária de “um dos maiores assassinatos de massa na história humana”.

Mão quis desenvolver rapidamente o país destruindo seu passado tradicional. 

A fé cega nos dogmas materialistas ensinados pela Rússia entregou aos fanáticos – a “vanguarda do proletariado” – quanto mais iletrados melhor a execução do plano irreal.

Para granjear os elogios dos chefes, os ideólogos que dirigiam as comunidades de base falsificavam os dados, mesmo quando a realidade contradizia cruelmente todas as previsões do Líder Máximo.

As metas eram inatingíveis, sádico o poder, a corrupção caracterizava os que subiam na escala do Partido Comunista e o medo era o instrumento preferido para a tormenta infernal que aniquilou 45 milhões de chineses.

O Grande Salto Adiante foi também o pretexto para exterminar a oposição anticomunista no país e os comunistas moderados do Partido. 

Quando a decalagem da realidade com a utopia ficou ovante a máquina socialista instalou um sistema de autocríticas humilhantes, de “seminários de correção”, de expurgos sistemáticos, de culto à personalidade num país que tinha virado um imenso campo de concentração.

Então a fome foi reforçada por desapiedada perseguição política, punidora de todos aqueles que não cumpriam os objetivos impossíveis de cumprir, que fraquejaram no trabalho coletivo de sol a sol ou que eram suspeitos de falta de entusiasmo pelo Partido, pelo Líder e pelas metas do socialismo.

Os piores desatinos e o auge da mortandade se deram nas zonas dirigidas pelos socialistas maoistas mais puros e radicais.

O livro “A grande fome na China de Mão” ganhou o prêmio Samuel Johnson na categoria ensaio.

Ele fala da dinâmica do poder num Estado de partido único devorado pela corrupção e pelas denúncias mútuas. Ele entrevista pessoas comuns, recolhe suas táticas de oposição e subversão larvadas, seus esforços imaginosos de sobrevivência incluindo a mentira, a ocultação, o roubo, o contrabando ou a falsificação das contabilidades.

Ele só não só fala do afundamento de um sistema econômico e social que a Teologia da Libertação e as reformas agrárias latino-americanas tentaram parodiar.

O livro pretende entender a complexidade da conduta humana nos tempos de desespero e catástrofe, comenta “El Mundo”

Deus não o permita, mas isso pode vir a se tornar tema por demais candente na hora em que catástrofes se anunciam nos quatro quadrantes do planeta. 

Texto originalmente publicado em Pesadelo Chinês

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